Projetos de Pesquisa

Arte e Cidade, Experiência e Subjetividade
Descrição: Pesquisar, intervir e formar são verbos que se conjugam e inter-relacionam neste projeto integrado de pesquisa , o qual se fundamenta em uma ética da responsividade tal como preconizada por Bakhtin e seu Círculo (Bakhtin, 2003; Faraco, 2003). Tal perspectiva compreende que respondemos sempre, a partir de uma atitude valorativa e para a qual não há álibi, ao fluxo incessante de acontecimentos do qual somos partícipes. Viver é, por conseguinte, responder ao que se nos apresenta na esfera do vivido, é assumir uma determinada posição no fluxo incessante e contínuo da vida que nos conecta responsivamente a outros próximos e distantes, de tempos e contextos variados. Conceber a inexorável conexão entre pesquisar, intervir e formar é, por conseguinte, expressão da condição axiológica no mundo das/os pesquisadoras/es que o integram, o modo como respondem ética, estética e politicamente aos desafios que se apresentam na pesquisa, na docência e na orientação de de graduandos/as e pós-graduandos/as. A produção de conhecimentos em psicologia social e arte conecta-se, por conseguinte, à formação de novos/as pesquisadores/as e à própria própria formação, em um movimento incessante. Compõem este novo projeto integrado de pesquisa investigações que se alicerçam a partir de três eixos de problematização, os quais emergiram de inquietações oriundas dos desafios apontados em pesquisas anteriores: 1) Cidade, arte e produção social da memória e esquecimento; 2) Arte, experiência e formação ética, estética e política; 3) Ciência, arte e vida: questões metodológicas. A cidade é compreendida neste projeto integrado de pesquisa como polifônica (Bakhtin, 2008). Por suas vias, edificacações e intersticios, pela sua geografia e seus recursos, pelas características poliicas e culturais que a conotam como singular e ao mesmo tempo expressão da logica global de produção e consumo, ecoam vozes de tempos vários, em intensa dialogia . Essas vozes traduzem a condicção singular-global de cada cidade e ao mesmo tempo o processo histórico de sua construção, bem como o processo de constituição subjetiva de seus habitantes. Trata-se, pois, a cidade, de um corpo constituído por e constituidora de corpos outros. Um corpo marcado por cicatrizes que se configuram como inscrição de acontecimentos cujas memórias se pretende perpetuar, e também por rastros e vestígios de acontecimentos outros, esquecidos, sobre os quais pouco se ouve e vê. Ainda que invisibilizados, esses rastros persistem no tempo, são restos de um passado a comunicar ao presente o que poderia ter sido, a anunciar um futuro que não se concretizou. A cidade, pois, é um corpo constituído por uma pluralidade de vozes sociais plenas de valor, de diversificados tempos-espaços; vozes audíveis, constantemente reiteradas, e outras que resistem às práticas de silenciamento que lhes negam a própria existência. Essas vozes convivem em tensa e em intensa dialogia (Bakhtin, 2008; Faraco, 2009; Brait, 2012; Medvedev, Medvedeva e Shepherd, 2016), sem se imiscuir e sobrepor, em um complexo jogo de visibilidades e invisibilizações, de memorizações deliberadas apagamentos seletivos.