POLÍTICA, ESTÉTICA A ATIVISMO AMBIENTAL: UM ESTUDO SOBRE AS AÇÕES DO GREENPEACE NO CONTEMPORÂNEO
A tese de Doutorado de autoria de Marcela De Andrade Gomes e orientada pela Professora Kátia Maheirie foi defendidada no ano de 2014 e tem o seguinte resumo:
A heterogeneidade das formas de ativismo e resistência tem inscrito na esfera pública uma multiplicidade de atos e cenas políticas na atualidade. A polifonia e polimorfose do sujeito político contemporâneo têm incitado inúmeros debates acadêmicos em torno das possibilidades e alternativas à intensificação dos processos democráticos. A partir de um estudo qualitativo, buscamos investigar e analisar as diferentes ações do Greenpeace- uma ONG ativista no campo das lutas ambientais-, a partir da perspectiva teórica do filósofo Jacques Rancière e, também, de outros autores desta área de pesquisa. O campo empírico desta investigação ocorreu no Greenpeace do Brasil (São Paulo, Manaus, Rio de Janeiro) e da Espanha (Madri e Barcelona), em âmbito presencial e virtual. Por meio de entrevistas com sujeitos que possuem ou possuíam algum vínculo com esta ONG (voluntários, ativistas ou funcionários), bem como por meio da realização de um rastreamento virtual nos sites desta organização, buscamos nos aproximar da dimensão empírica do Greenpeace de forma a analisar suas diferentes ações no contemporâneo. A partir dos dados coletados, construímos 4 categorias de análise que, de alguma maneira, nos dizem algo sobre a complexidade da esfera pública na contemporaneidade, em especial, no que tange ao Greenpeace. Na primeira categoria, analisamos as potencialidades, desafios e paradoxos anunciados pelos entrevistados relativos à organização, funcionamento e ações desta ONG; na segunda categoria, realizamos um debate sobre as relações estabelecidas com a mídia e com o ativismo na rede virtual (cyberativismo); na terceira, problematizamos a posição ocupada pelo Greenpeace na esfera pública, a saber, um hiato entre distintos lugares: da governança ao dissenso; por fim, analisamos 8 ações diretas realizadas pela organização, trazendo o profícuo debate entre a política e a estética, discorrendo sobre o uso do exagero, do escândalo e da dramaturgia como formas e estratégias de inscrever cenas políticas na esfera pública. Em síntese, podemos pensar que o Greenpeace se configura, em alguns momentos, como um dispositivo de subjetivação política no campo das lutas ambientais; em outros, como uma organização midiática que se utiliza de ações espetaculares para atrair colaboradores e participar ativamente na formação da opinião pública; e, ainda, como um interlocutor do Estado, operando como um parceiro na elaboração da legislação e políticas públicas ambientais.
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