NUPRA – Núcleo de Pesquisa em Práticas Sociais, Estética e Política – UFSC

Descrição: Esta proposta de pesquisa visa ampliar e dar sequência a uma investigação anterior de doutorado (Strappazzon, 2017) sobre os modos de vida de artistas de rua e artesão nômades, ou ?malucos de estrada?, também conhecidos popularmente como hippies. O ponto de partida reflexivo surgiu de duas inquietações propostas por Espinosa, que apontam, em leituras contemporâneas, pela interconectividade entre os problemas de ordem ética, política e epistemológica, atravessados pelos processos de e que ainda reverberam no contemporâneo: a primeira delas se refere ao fato de até hoje (nos tempos do autor, mas possivelmente também no nosso), ninguém foi capaz de definir o que pode um corpo; a segunda inquietação pergunta pelo que faz com que as pessoas lutem por sua servidão como se estivem lutando por sua liberdade. A proposta desta pesquisa visa desenvolver o conceito de experiência nômade, que apenas foi pontuado de forma incipiente na pesquisa de doutorado. Pretende-se, ao desenvolver esta ideia, aprofundar sobre o entendimento do conceito de liberdade em Espinosa (2008; 2009), dado a compreensão de que, para este autor, ser livre significa agir sobre as condições de existência que determinam a composição dos corpos enquanto potência de existir. Desta forma, o conceito de liberdade coloca-se como pedra angular entre as duas questões de Espinosa, entre a ética e a política, expostas anteriormente no início deste projeto, e tem incidência sobre as discussão relativas aos processos de subjetivação no contemporâneo, tal qual a Psicologia Social os compreende nos diferentes contextos sociais, culturais, institucionais e grupais. Pretende-se, a partir desta pesquisa e na sequência dela, discutir o conceito de liberdade enquanto ação aplicado às intervenções junto a grupos e coletivos, construindo assim uma possibilidade teórica de leitura e concepção de grupo para a psicologia. O percurso metodológico para a presente pesquisa tem na cartografia o horizonte de inspiração. O escopo das informações a serem agenciadas para a pesquisa é composto por documentários, entrevistas e reportagens produzidas pelos ?malucos de estrada? ou sobre eles, e disponibilizadas na web, conjugadas com referenciais bibliográficos com base na filosofia de espinosista e seus interlocutores, bem como textos do próprio autor e de teóricos que desenvolvem seus trabalhos na psicologia a partir da filosofia da imanência.

Artes na Queimada: Investigações sobre a mediação artística no dispositivo grupal

Descrição: O Projeto de Extensão ?Oficinas de Artes na Queimada? é o ponto de partida para a proposta da presente pesquisa. Ativo desde março de 2017, junto à Cooperativa do Morro da Queimada, em comunidade de mesmo nome localizada no Maciço do Morro da Cruz, região central de Florianópolis ? SC, atende um grupo de oito mulheres moradoras da comunidade, oferecendo trabalhos grupais mediados por linguagens artísticas. Objetiva-se, a partir dos trabalhos desenvolvidos junto ao projeto de extensão, discutir a mediação artística e o dispositivo grupal como uma das maneiras de provocar experiências e acontecimentos que possibilitem a superação do sofrimento-ético-político e o aumento da potência de existir. O método para esta pesquisa apoia-se na cartografia, compreendida aqui como uma modalidade de pesquisa participante em ciências humanas que insere os pesquisadores nos diferentes espaços dos processos grupais que ocorrem em torno das atividades da cooperativa. Neste contexto, duas possibilidades de produção de informações se sobressaem: a participação junto as atividades relativas ao grupo de mulheres, inscrita sobre a modalidade de pesquisa participante; entrevistas e conversas informais em encontros situados no cotidiano das mulheres. Com esta pesquisa espera-se contribuir com as discussões teóricas da psicologia social sobre o conceito de grupos em contextos comunitários; refletir sobre as possibilidades da mediação artística e artesanal na composição dos processos grupais; fomentar e fortalecer as problemáticas teóricas em torno dos conceitos de sofrimento-ético-político e de potência de ação a partir da singularidade das experiências em campo; problematizar a pertinência do conceito de bons encontros como dispositivo de intervenção da psicologia social e comunitária. Acreditamos que a relevância deste projeto para a área da psicologia se mostra mediante uma construção teórica que pode apontar sentidos éticos e metodológicos para fundamentar pesquisas e intervenções junto à grupos sociais vulneráveis e que correm riscos de violação de direitos humanos. Palavras-chave: dispositivo grupal; arte; sofrimento ético político; potência de ação.