Artigo publicado por Willamys da Costa Melo e Lia Vainer Schucman na revista Espaço Acadêmico tem o seguinte resumo:
A proposta deste ensaio é compreender quais os mecanismos ideológicos que alicerçam a supremacia branca à brasileira. Tem-se como hipótese central que tanto a ideia de mérito como o mito da democracia racial difundidos no tecido social brasileiro sustentam as relações de poder que possibilitam a existência da supremacia branca nas particularidades brasileiras sem que esta seja reconhecida como tal. Para esta argumentação, a construção social da ideia de mérito é apresentada e, posteriormente, são traçadas breves reflexões acerca de como a supremacia branca à brasileira se sustenta através do ideal de igualdade de oportunidades disseminado através do mito da democracia racial ainda vigente em nossa sociedade.
A tese de Doutorado de autoria de Lia Vainer Schucman e orientada pela Professora Leny Sato foi defendidada no ano de 2012 e tem o seguinte resumo: O objetivo desta tese é compreender e analisar como a ideia de raça e os significados acerca da branquitude são apropriados e construídos por sujeitos brancos na cidade de São Paulo. A branquitude é entendida aqui como uma construção sócio-histórica produzida pela ideia falaciosa de superioridade racial branca, e que resulta, nas sociedades estruturadas pelo racismo, em uma posição em que os sujeitos identificados como brancos adquirem privilégios simbólicos e materiais em relação aos não brancos. Para a realização deste trabalho apresento uma abordagem conceitual dos estudos sobre branquitude dentro da psicologia social e das ciências humanas. Apresento também seus desdobramentos para o entendimento do racismo contemporâneo, bem como revisão teórica de como o conceito de raça foi produzido a partir do pensamento acadêmico europeu do século XIX e reproduzido no pensamento social paulistano. A pesquisa de campo foi desenvolvida por meio da realização de entrevistas e conversas informais com sujeitos que se auto identificaram como brancos de diferentes classes sociais, idade e sexo. Nosso intuito era compreender a heterogeneidade da branquitude nesta cidade. As análises demonstraram que há por parte destes sujeitos a insistência em discursos biológicos e culturais hierárquicos do branco sob outras construções racializadas, e, portanto, o racismo ainda faz parte de um dos traços uni” cadores da identidade racial branca paulistana. Percebemos também que os significados construídos sobre a branquitude exercem poder sobre o próprio grupo de indivíduos brancos, marcando diferenças e hierarquias internas. Assim, a branquitude é deslocada dentro das diferenças de origem, regionalidade, gênero, fenótipo e classe, o que demonstra que a categoria branco é uma questão internamente controversa e que alguns tipos de branquitude são marcadores de hierarquias da própria categoria.
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